23/07/2008

Fala-nos do Amor


Quando o amor vos chamar, segui-o.
Apesar do seu caminho ser duro e íngreme.
E quando suas asas vos envolverem, abraçai-o.
Apesar da espada escondida entre suas penas poder ferir-vos.
E quando ele falar convosco, acreditai nele,
Apesar de sua voz poder esfacelar vossos sonhos
como o vento norte arruína o jardim.
Pois mesmo quando o amor vos coroa, ele vos crucifica.
Mesmo sendo para o vosso crescimento, ele também vos poda.

Todas essas coisas o amor fará convosco até que
conheçais os segredos dos vossos corações,
e através desse conhecimento,
vos torneis fragmentos do coração da vida.
Mas se, por medo, buscardes apenas a paz do amor e o prazer do amor,
É melhor que cubrais a vossa nudez e passeis da eira do amor
Para o mundo sem estações, onde rireis, mas não todo o vosso riso
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.

O amor não dá nada além de si mesmo
e não toma nada além de si mesmo.
O amor não possui nem é possuído
Pois o amor é suficiente ao amor.

E não pensai que podeis dirigir o curso do amor, pois o amor,
se achar que mereceis, dirige o vosso curso.

O amor não tem outro desejo além de satisfazer a si mesmo.
Mas se vós amais e precisais ter desejos,
que sejam estes os vossos desejos:

Derreter e ser como um riacho que corre
e canta sua melodia para a noite.
Conhecer a dor do carinho demasiado.
Ser ferido pela vossa própria vontade e com alegria.
E sangrar por vossa própria compreensão do amor.
Acordar ao amanhecer com o coração leve
e agradecer por mais um dia de amor.
Descansar ao meio dia e meditar sobre o êxtase do amor.
Voltar para casa ao entardecer com gratidão.
E então dormir com uma prece ao bem-amado em vosso coração
e uma canção de louvor em vossos lábios.

(O Profeta – Khalil Gibran)

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