Mostrando postagens com marcador ☆Folk☆. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ☆Folk☆. Mostrar todas as postagens

06/02/2009

Ditado Indígena

Ouvir com o coração e não com as orelhas.
Sentir com o coração e não com as mãos.
Ver com o coração e não com os olhos.
Falar com o coração e não com a boca.
Pensar com o coração e não com a mente.
Ser único com tudo na Terra.

09/04/2008

Amore mio non piangere

Canto das mondine (mulheres colhedeiras). Até não muitos anos atrás, os arrozais da planície do rio Pó eram trabalhados a mão pelas mulheres colhedeiras que passavam os dias debruçadas sob o sol, com os pés e as mãos na água. As dificuldades e as esperanças destas mulheres eram testemunhadas por um vasto repertorio de cantos de trabalho, com os quais elas buscavam aliviar a fatiga. Neste canto de 1905, uma mondina despede-se do namorado conhecido durante os duros meses de trabalho no arrozal e anuncia a sua volta para casa.
Amore mio non piangere
se me ne vado via,
io lascio la risaia,
ritorno a casa mia.
Vedo laggiù tra gli alberi
la bianca mia casetta,
vedo laggiù sull'usciola
mamma che mi aspetta.
Mamma, papà non piangere,
non sono più mondina,
son ritornata a casa
a far la signorina.
Mamma, papà non piangeres
e sono consumata,
è stata la risaia
che mi ha rovinata.

21/03/2008

Pessanka



Pysanka, vem do verbo ucraniano pee-sank-ee, pysaty que significa escrever em ovos.
Pêssanka é a tradição de colorir ovos e esta arte era realizada pelos povos pagãos na época em que o Sol voltava triunfante após o inverno, eliminando a neve que cobria a terra. Em escavações arqueológicas, foram encontrados indícios desta arte a mais de 4.000 anos a.C.
O ovo simbolizava a criação da vida e era tido como símbolo de prosperidade.
Os povos antigos veneravam o Sol como Apolo e seu carro puxado por leões, e os ucranianos reconheciam no mesmo astro, o Dajbóh. A ele ofereciam homenagens, pois acreditavam que ele traria novamente luz e calor para a Terra. O verde substituiria o branco da neve, as flores voltariam a desabrochar, as árvores ofereceriam seus frutos novamente e o povo poderia trabalhar a terra para obter seu sustento.
O Solstício da Primavera era uma festa onde se acendia uma grande fogueira no meio da aldeia e todos comemoravam a chegada de Dajbóh. Deste dia em diante o povo estava em festa e oferecia seus presentes à divindade e, entre os mesmos estavam as pêssankas.
Nesta festa, as pêssankas também eram enterradas em oferecimento aos entes da natureza, em forma de agradecimentos pelas colheitas e também para firmar seus pedidos para que a terra continuasse fértil. Neste tempo anterior ao cristianismo, o povo tinha suas crenças voltadas para aquilo que via e sentia. Quando o cristianismo foi adotado como religião oficial, apesar dos pagãos aceitarem a mudança, não abandonaram seus antigos rituais como as Festas da Primavera. A solução encontrada pelo clero foi adaptar estes antigos costumes para símbolos cristãos, ou seja, permitiam que as tradições pagãs fossem mantidas, mas lhes incutia um simbolismo cristão. A antiga e tradicional Festa da Primavera, transformou-se na Páscoa cristã, por se tratar da mesma época. Os antigos festejos continuaram, mas mudava-se gradativamente o sentido da ocasião. O povo não deixou o costume de colorir ovos para expressar seus sentimentos, mas o clero cristão fez com que se abandonassem as crenças nos entes da natureza. As pessoas passaram então a fazer pêssankas para dar aos parentes e amigos na época da Páscoa, para demonstrar tudo aquilo que desejavam para seus entes queridos.

Significados - Os ovos são decorados com um método batik (corante à base de cera). O trigo significa saúde; flores e pássaros, que lembram felicidade e primavera; o triângulo que nos tempos pagãos reunia ar, fogo e água e na era cristã lembra a Santíssima Trindade; galinhas e frangos simbolizam a fertilidade, galos ou folhas de carvalho lembram masculinidade e força. Pessoas idosas recebem pysanky com cores escuras e/ou sofisticados desenhos, pois sua vida decerto foi bastante movimentada; já as crianças recebem pysanky de cor predominantemente branca, pois sua vida ainda é uma página em branco.

30/01/2008

A Moça Tecelã

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte. Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava. Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.
Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.

Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado. Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio do ponto dos sapatos, quando bateram à porta.Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.

Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade. E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.
— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer. Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.
— Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.

Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira. Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.
— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu:
— Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!
Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados.

Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.
Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.

Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela. A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.

Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.

Marina Colasanti

26/01/2008

Dia da Bruxa Louca


Na Hungria, da segunda quinzena de novembro até o carnaval, o trabalho no campo terminava e as mulheres passavam a maior parte do tempo fiando e tecendo, normalmente em grupos contando histórias, cantando e brincando.
Mas no dia 13 de dezembro, o Dia da Bruxa Louca, era proibido trabalhar.
Quem o fizesse teria os fios embaraçados, o tear quebrado e tudo perdido.

(Fonte: site
www.hungria.org.br)