18/05/2008

Noturno


Veleiro ao cais amarrado
em vago balouço, dorme? Não dorme.
Sonha, acordado, que vai pelo mar enorme,
pelo mar ilimitado.
Se acaso me objetardes
que veleiro não é gente e, assim,
não sonha nem sente,
sem orgulhos nem alardes eu direi:
por que haveria de falar-vos do homem triste
mas de olhar grave e profundo que,
à amargura acorrentado sonha, no entanto,
que vive toda a beleza do mundo?
Melhor é dizer: Veleiro...
veleiro ao cais amarrado,
sob as límpidas estrelas.
Vela branca é uma alma trêmula,
sobretudo se cai sombra do alto abismo constelado.
Veleiro, sim, que não dorme
mas na silente penumbra sonha, ao balouço,
acordado que vai pelo mar enorme,
pelo mar ilimitado.


(Tasso da Silveira)

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