23/02/2008

Não piso a concha


Não piso a concha
abandonada pela onda que o mar trouxe.
Recolho-a e ouço a voz dos tempos
As dores e os amores agarrados às palavras.
Fala-me das ilhas e dos navios
Das janelas dos naufrágios
E das flores marinhas que os acompanharam.
Ali na espuma tudo é transparente
Aflora palavra, a verdade e
Tudo no instante de afagar a concha.
Barco de proa à madrugada
Navego tranqüilo
Sem vírgulas entre as palavras
Porque não há instantes interrompidos.
Na limpidez de uns olhos profundos
Está o mar que sulco
Com uma ave no mastro.

Nenhum comentário: