22/03/2008

Todo Azul do Mar


Foi assim, como ver o mar
A primeira vez, que meus olhos
Se viram no seu olhar
Não tive a intenção, de me apaixonar
Mera distração, e já era
Momento de se gostar
Quando eu dei por mim
Nem tentei fugir
Do visgo que me prendeu
Dentro do seu olhar
Quando eu mergulhei
No azul do Mar
Sabia que era amor
E vinha pra ficar
Daria pra pintar todo azul do céu
Dava pra encher, o universo
Da vida que eu quis pra mim
Tudo que eu fiz
Foi me confessar
Escravo do seu amor
Livre pra amar
Quando eu mergulhei
Fundo nesse olhar
Fui dono do mar azul
De todo azul do mar
Foi assim como ver o mar
Foi a primeira vez, que eu vi o mar
Onda azul, todo azul do mar
Daria pra beber todo azul do mar
Foi quando eu mergulhei,
no azul do mar

21/03/2008

Pessanka



Pysanka, vem do verbo ucraniano pee-sank-ee, pysaty que significa escrever em ovos.
Pêssanka é a tradição de colorir ovos e esta arte era realizada pelos povos pagãos na época em que o Sol voltava triunfante após o inverno, eliminando a neve que cobria a terra. Em escavações arqueológicas, foram encontrados indícios desta arte a mais de 4.000 anos a.C.
O ovo simbolizava a criação da vida e era tido como símbolo de prosperidade.
Os povos antigos veneravam o Sol como Apolo e seu carro puxado por leões, e os ucranianos reconheciam no mesmo astro, o Dajbóh. A ele ofereciam homenagens, pois acreditavam que ele traria novamente luz e calor para a Terra. O verde substituiria o branco da neve, as flores voltariam a desabrochar, as árvores ofereceriam seus frutos novamente e o povo poderia trabalhar a terra para obter seu sustento.
O Solstício da Primavera era uma festa onde se acendia uma grande fogueira no meio da aldeia e todos comemoravam a chegada de Dajbóh. Deste dia em diante o povo estava em festa e oferecia seus presentes à divindade e, entre os mesmos estavam as pêssankas.
Nesta festa, as pêssankas também eram enterradas em oferecimento aos entes da natureza, em forma de agradecimentos pelas colheitas e também para firmar seus pedidos para que a terra continuasse fértil. Neste tempo anterior ao cristianismo, o povo tinha suas crenças voltadas para aquilo que via e sentia. Quando o cristianismo foi adotado como religião oficial, apesar dos pagãos aceitarem a mudança, não abandonaram seus antigos rituais como as Festas da Primavera. A solução encontrada pelo clero foi adaptar estes antigos costumes para símbolos cristãos, ou seja, permitiam que as tradições pagãs fossem mantidas, mas lhes incutia um simbolismo cristão. A antiga e tradicional Festa da Primavera, transformou-se na Páscoa cristã, por se tratar da mesma época. Os antigos festejos continuaram, mas mudava-se gradativamente o sentido da ocasião. O povo não deixou o costume de colorir ovos para expressar seus sentimentos, mas o clero cristão fez com que se abandonassem as crenças nos entes da natureza. As pessoas passaram então a fazer pêssankas para dar aos parentes e amigos na época da Páscoa, para demonstrar tudo aquilo que desejavam para seus entes queridos.

Significados - Os ovos são decorados com um método batik (corante à base de cera). O trigo significa saúde; flores e pássaros, que lembram felicidade e primavera; o triângulo que nos tempos pagãos reunia ar, fogo e água e na era cristã lembra a Santíssima Trindade; galinhas e frangos simbolizam a fertilidade, galos ou folhas de carvalho lembram masculinidade e força. Pessoas idosas recebem pysanky com cores escuras e/ou sofisticados desenhos, pois sua vida decerto foi bastante movimentada; já as crianças recebem pysanky de cor predominantemente branca, pois sua vida ainda é uma página em branco.

20/03/2008

Verão


O sol esticou-se na orla

fez costeiro o roçar do continente

lançando luzes e sombras irresistíveis

ao vento cortado pelo nó da vela

enlaçada à nuca do horizonte

sob a brisa de meus olhos gastos...

Verei...

Tecendo Sonhos

Teci sonhos com os fios das nossas lembranças,
Ergui castelo de amor com torres da felicidade,
Em cada entrada o pó mágico da esperança,
A sua cobertura foi feita pela dor da saudade.

A distância que nos separa - me tormenta,
Até em sonho a vejo em lamúria,
Será que esse coração de tanta dor agüenta.
Sofre e agita como o mar em fúria.

O vento sopra, e com ele nada traz,
É só o frio que o corpo recebe e senti,
O silêncio perturba, e o sonho desfaz,
O castelo de amor criado pela mente.

16/03/2008

Uma noite eu tive um sonho...

Sonhei que estava andando na praia com o Senhor e através do céu, passavam cenas da minha vida.Para cada cena que passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia: um era meu e o outro era do Senhor.Quando a última cena passou diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia.Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. Isso me aborreceu deveras e perguntei então ao Senhor:- Senhor, Tu me disseste que, uma vez que resolvi te seguir, Tu andarias sempre comigo, em todo o caminho. Contudo, notei que durante as maiores atribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo porque nas horas em que eu mais necessitava de Ti, Tu me deixaste sozinho.O Senhor me respondeu:- Meu querido filho. Jamais eu te deixaria nas horas de provas e de sofrimento. Quando viste, na areia, apenas um par de pegadas, eram as minhas. Foi exatamente aí que eu te carreguei nos braços.

01/03/2008

O Mar Serenou

O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia.
O pescador não tem medo.
É segredo se volta ou se fica no fundo do mar
Ao ver a morena bonita,
sambando se explica que não vai pescar
Deixa o mar serenar...
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia.
A lua brilhava vaidosa, de si orgulhosa
e prosa com que Deus lhe deu.
Ao ver a morena sambando,
foi se acabrunhando, então adormeceu
e o sol apareceu.
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia.
Um frio danado que vinha do lado gelado,
que o povo até se intimidou.
Morena aceitou o desafio,
sambou e o frio sentiu seu calor
e o samba se esquentou.
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia.
A estrela que estava escondida
sentiu-se atraída, depois então apareceu
Mas ficou tão enternecida e
indagou a si mesma:
A estrela afinal, será ela ou sou eu?
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia

Aqui está minha vida


Aqui está minha vida
- esta areia tão clara
com desenhos de andar
dedicados ao vento.
Aqui está minha voz
- esta concha vazia, sombra de som
curtindo o seu próprio lamento.
Aqui está minha dor
- este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança
- este mar solitário,
que de um lado era amor e,
do outro, esquecimento.

(Cecília Meireles)